Uma Abordagem Transcendental do Conhecimento
Ao longo da história, a curiosidade sempre foi uma obsessão do ser humano. Aquilo que ele via, mas não sabia o que significava, era motivo de grande desprendimento de energia, cujo objetivo era obter explicações plausíveis em relação àquilo que, a priori, lhe causava estranheza. Com o advento da filosofia e sua solidificação enquanto parte fundamental do processo de obtenção de conhecimento, várias teorias surgiram como meios para se atingir a determinados fins, sejam eles científicos ou não.
Dentre as várias teorias do conhecimento, destacam-se o racionalismo e o empirismo, ambos frutos da era moderna. Estes, apesar de antagônicos, trazem consigo conceitos e metodologias convincentes, o que, em sua época, ocasionou uma espécie de embate entre os pensadores defensores de cada uma dessas vertentes. Os opositores apontavam erros crassos tanto no racionalismo quanto no empirismo, o que tornou o debate cada vez mais acalorado.
Immanuel Kant, ao observar as falhas teóricas e pragmáticas de cada uma dessas vertentes, desenvolveu uma espécie de “neutralidade”, consistindo em conciliar os dois lados de modo a minimizar os pontos deficitários de ambas as teorias. Assim, essa aproximação feita por Kant ficou conhecida como filosofia transcendental, ou, como preferem alguns, idealismo transcendental.
No modelo estruturado por Kant, a experiência é tida como primordial para iniciar o processo de conhecimento; porém, a razão deve vir em segundo plano com o objetivo de “lapidar” o conhecimento adquirido a priori. Dessa forma, o sujeito não é uma tábula rasa, como defendido pelos empíricos, tampouco possui um conhecimento inato, como entendem os racionalistas, mas sim desempenha um papel ativo na organização e estruturação dos dados sensoriais.
Em resumo, o idealismo kantiano é uma compreensão da dualidade do ser, o que traz consigo referências platônicas que tornam a compreensão do mundo capaz de ser enxergada para além dos espectros polarizados. Essa perspectiva não apenas propõe uma síntese inovadora entre razão e experiência, mas também abre novas possibilidades para a investigação filosófica, desafiando as limitações das abordagens anteriores e oferecendo um caminho mais integrado para o entendimento da realidade. Ao buscar equilibrar essas duas correntes, Kant não só reformula o debate epistemológico, mas também estabelece um marco que influencia profundamente o desenvolvimento da filosofia contemporânea.
Texto autoral de Maycon de Souza
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