Cofre cheio e vida vazia
Tempo
não avisa quando está escorrendo. Não acena, não anuncia, não dramatiza. Apenas
se move. E, enquanto isso acontece, muita gente insiste em tratar a vida como
um projeto que só terá sentido lá na frente, quando todos os objetivos forem
alcançados. É irônico. As pessoas buscam o futuro como quem foge do presente.
Dinheiro
virou a régua universal para medir realização. Quantos dígitos, quantas posses,
quantas conquistas acumuláveis. Só que nenhum desses números conversa com a
profundidade de uma vida que está sendo sacrificada silenciosamente para
sustentá-los. Construir patrimônio não é o problema. O problema é se perder no
processo.
Crescimento
financeiro sem crescimento de consciência vira só um outro tipo de prisão. Uma
prisão confortável, mas ainda assim uma prisão. Há quem passe anos acreditando
que está avançando, quando na verdade está apenas repetindo rotinas que drenam
vitalidade e entregam pouco em retorno emocional.
Vida
que se perde não é feita só de grandes tragédias. Muitas vezes é feita de micro
desistências, aquelas coisas pequenas que você vai empurrando para depois.
Momentos que poderiam ter sido vividos e não foram porque a agenda estava
comprometida com aquilo que supostamente iria garantir um futuro melhor.
Futuro
algum compensa um presente abandonado. Essa é uma das verdades mais incômodas e
uma das mais negligenciadas. O ser humano tem essa mania de acreditar que pode
negociar com o tempo. Negociação ilusória. No final, é sempre o tempo que
negocia você. Pouca gente percebe que prosperidade real exige presença. Exige
estar no corpo, na mente, no dia. Exige entender que experiência não se estoca,
vínculo não se arquiva, existência não se pausa. Tudo aquilo que vale a pena
exige uma certa coragem de existir enquanto se vive, não apenas enquanto se
planeja.
Essa
coragem não tem nada a ver com impulsividade. Tem a ver com lucidez. É a
lucidez de perceber que o agora não é um intervalo entre conquistas. O agora é
o único território onde alguma coisa de verdade acontece. Fora dele, tudo é
hipótese. Hipóteses confortam, mas não sustentam. Elas criam a ilusão de que
você está construindo algo sólido enquanto apenas empilha expectativas. E
expectativas, quando mal-cuidadas, viram só mais um peso a ser carregado junto
com a sensação constante de que algo está faltando.
Histórias
bem vividas não se medem pela quantidade de conquistas, mas pela qualidade dos
instantes. Quando você enxerga isso com clareza, algo muda na forma de ocupar
seus dias. Você passa a filtrar melhor, escolher melhor, gastar menos energia
com aquilo que não te devolve nada e investir mais no que te amplia por dentro.
Se
esse tipo de reflexão te alcança de alguma forma, te provoco a continuar me
acompanhando nesse caminho. Estou sempre explorando temas como tempo, propósito
e comportamento humano. Basta me seguir em @maycon.desouza para seguir
aprofundando essas conversas.
Texto autoral do filósofo e escritor Maycon de Souza
Também gravei um vídeo no YouTube do qual abordo esse tema:
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