A única e possível certeza existente
De tempos em tempos, a humanidade é forçada a se adaptar às variadas adversidades que a vida lhes apresenta. A única certeza que de fato sustenta os pilares da existência como a conhecemos é a mudança. O tempo inteiro estamos em constante transformação, sendo a morte a principal e a mais temida delas. Mudar é a condição existencial na qual é impossível de se lutar contra, todavia, é possível conviver com as alterações que se sucedem com o passar do tempo, exceto com a consolidação do fim da vida.
Os acontecimentos trágicos dos últimos anos vem cada vez mais nos alertando sobre a importância de investirmos em competências individuais para nos dar embasamento e munição para lidar com as adversidades que inevitavelmente se apresentam em nosso cotidiano. Entre essas características, as mais relevantes são a resiliência, capacidade de síntese, versatilidade, adaptabilidade e criatividade. Elas são de suma importância para criar um repertório sólido para que seja possível lidar de frente com os desafios.
As características essenciais, conforme citado acima, infelizmente podem ser consideradas artigo de luxo, uma vez que não estão disponíveis ao ser humano médio. Chamo de “médio” aqueles indivíduos que pertencem às massas e, que por ignorância ou até mesmo preguiça de pensar, não enxergam a profundidade do abismo em que estão inseridos. Essa cegueira tem um preço, muitas vezes mais alto do que se pode pagar.
Adaptar-se ao novo é um exercício contínuo. Aqueles que se dizem certos sobre tudo vivem em um mundo de fantasia, em total desconexão com a vida da forma como ela é. Estas pessoas precisam urgentemente tomar uma dose de realidade e compreender que a única certeza legítima é a mudança, o resto é mera especulação. As variáveis que se sucedem são, por vezes, negligenciadas, pois nem tudo que muda é visto a olho nu. Ainda que fosse possível enxergar dessa forma, algumas coisas não seriam assim consideradas pois não somos dotados de onisciência e onipresença.
“Hoje é o primeiro dia do resto da sua vida”. Não sei o nome do autor desta sentença, mas ela resume bem o sentido mutável da existência, uma vez que tudo que é “primeiro” é novo; e todo novo é inédito por definição. Como exemplo, suponhamos que você para em um local para contemplar um lago e volta depois de alguns minutos. Nessa situação, você não estará mais diante do mesmo lago e nem ele da mesma pessoa que você era. A cada segundo de vida acumulamos experiências, percepções e sentimentos que, por sua vez, são responsáveis por nos tornar diferentes cada vez mais, de modo intransigente e ininterrupto. A recíproca é verdadeira em relação a tudo que nos cerca, mesmo nas coisas inanimadas, afinal, o tempo exerce alterações em tudo e todos. A exemplo do lago, cada segundo que se passa modifica tudo que o compõe, seja o nível da água, as moléculas, os átomos, os animais que nele habitam, sua forma, etc.
Compreender e aceitar que a mudança é algo inerente à vida é o primeiro e mais importante passo para se ter uma existência menos ansiosa e frustrante. Nem sempre o que muda vai de encontro com aquilo que se espera, ainda assim é necessário ter o entendimento de que é importante buscar meios para adaptar-se ao novo, ainda que isso signifique abrir mão do conforto que foi criado em torno de si. Uma vida sem mudanças é um grande desperdício, é como estar preso em uma gaiola sem saída, é andar em círculos e não chegar a lugar algum. Viver é mudar, é sacrificar aquilo que um dia te serviu mas hoje não faz mais sentido, é ter a mente aberta a tudo ao seu redor e aceitar a si próprio como uma metamorfose, um projeto inacabado que está o tempo todo em constante evolução e construção.
Texto autoral de Maycon de Souza
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