O defeito das crianças adultas

          Vivemos na era da informação e, como consequência desse fato, somos o tempo todo bombardeados por elas em todos os lugares e de todas as formas possíveis. O ser humano comum tem acesso à conteúdos de todas as temáticas possíveis, muito mais do que os maiores reis e imperadores no passado um dia imaginaram possuir. Isso é bom? Sem dúvidas, mas como é sabido, todo excesso é nocivo e traz consequências altamente prejudiciais, dentre elas podemos citar um dos principais carrascos comportamentais que alguém pode possuir: o imediatismo.

          Todos desejam que os objetivos almejados se tornem realidade de maneira rápida e eficaz, a questão é que não se trata apenas de uma simples escolha, mas sim de um condicionamento comportamental que as atuais circunstâncias impõem ao ser humano médio. Independente de qual seja o nível de complexidade em torno do objeto alvo de seu desejo, as pessoas alimentam uma expectativa de curto prazo para o alcance destes, desconsiderando todas as variáveis que devem ser observadas ao longo do processo. Tal situação traz consigo uma série de vícios que devastam aos poucos a sanidade mental dos envolvidos, gerando incalculáveis prejuízos psicológicos que se arrastam e disseminam de tempos em tempos, criando um nefasto círculo vicioso.

          O imediatismo é uma característica adquirida desde criança, fase em que é absolutamente compreensível que alguém seja portador desse vício, haja vista a total ausência de maturidade. O problema é que na maioria das pessoas esse comportamento não finda com a chegada da idade adulta, apenas se transforma em algo pior.

          Muitos adultos não se dão conta de que estão acometidos por esse vício, o que faz com que o ego assuma uma posição de destaque em suas vidas, agindo de modo inconsciente e produzindo as maiores mazelas a cada frustração obtida.

          Quase sempre o imediatismo está pautado em uma ansiedade desmedida e por uma má compreensão do poder de transformação do tempo. Para conter esse vício, é importante ter uma clara compreensão desses dois itens e deixar que as coisas fluam livremente, para isso, deve-se exercitar a paciência de maneira contínua e realista, obviamente, com cuidado para não criar um outro problema tão grave quanto o imediatismo, que é a famosa (e perturbadora) procrastinação.

          Muitos subestimam o poder de transformação que o tempo tem. Ele é o ativo mais valioso que alguém pode possuir, afinal, não há dinheiro nenhum capaz de comprá-lo. O máximo que pode acontecer é a aquisição de produtos e serviços que visam sua otimização, ainda assim, é necessário investir tempo para se obter esse capital, o que no fim das contas dá quase a mesma coisa. Irônico, não?

          Diante desse contexto, é necessário tomar atitudes para preservar a sanidade intacta, uma delas (e a mais importante) é o entendimento de que nem tudo ocorre no tempo que queremos. A simples vontade de que algo aconteça não quer dizer absolutamente nada, por isso, não há motivos para se culpar quando algo não acontece no tempo em que se espera. É importante entender que há acontecimentos ao seu redor que fogem do seu controle. Já que não estão em sua alçada mudar, é loucura lutar contra. Necessário se faz canalizar forças e energia somente naquilo que depende exclusivamente da sua ação, do contrário, terá um desgaste emocional e psicológico desnecessário e prejudicial.

Texto autoral de Maycon de Souza

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