Comunicação e pensamento crítico

 

        A comunicação é a principal ferramenta de relacionamento interpessoal que o homem, enquanto espécie, possui. Através dela, podemos nos relacionar com qualquer um de nossos semelhantes das mais diversas formas possíveis, seja pela fala, escrita, por gestos, expressões corporais e faciais. Mesmo em países cujo idioma e cultura são demasiadamente incompreensíveis ao seu, a comunicação rompe barreiras através da arte, uma vez que ela é um legado que ultrapassa os limites do tempo.

        A comunicação deu origem ao ato de pensar. Este também é uma forma de se comunicar, porém, consigo mesmo. Toda ação é precedida por um pensamento, ora racional, ora impulsivo. A partir daí, é possível observar a importância de se cultivar uma boa comunicação com seu próprio Eu. Baseado nesse cenário, nos deparamos com aquilo que é chamado de pensamento crítico.

        O pensar de forma crítica é muito mais abrangente do que se imagina, pois consiste em avaliar todas as possibilidades referente a um determinado assunto, considerando inclusive até as situações menos prováveis. O pensamento crítico nos aproxima da realidade, pois ao contrário do otimismo e do pessimismo, ele tem como pilares básicos a lógica, a coerência e o bom senso. A filosofia, enquanto ciência social, utiliza o pensamento crítico como o principal objeto de estudo, o que faz dela uma importante e necessária ferramenta de comunicação, principalmente nos tempos atuais, ao qual somos constantemente bombardeados de informações de toda natureza.

        Nossas rotinas estão cada vez mais agitadas e repletas de afazeres e compromissos. Isso nos dá uma percepção de que o tempo passa cada vez mais rápido, portanto, é necessário filtrar de maneira sábia as informações que chegam até nós, justamente para não perder tempo com coisas que em nada nos agrega. Para piorar ainda mais isso que podemos chamar de “poluição informativa”, existem as fake news, que nada mais são do que as informações falsas que visam manipular a realidade e ludibriar aqueles que estão consumindo-as. Nesse cenário, o pensar de forma crítica torna-se cada vez mais indispensável, para que assim, além do filtro, haja também uma investigação a fim de identificar a veracidade daquelas informações.

        O que caracteriza uma civilização como próspera, é o conhecimento. Este só é possível ser conquistado mediante a lapidação e a aplicação prática das informações qualitativas que se consome. Nem sempre quantidade significa qualidade, e com as informações disponíveis não seria diferente. Há pessoas que se dizem inteligentes e cultas por “saberem muito” sobre diversos assuntos, entretanto, se aquilo que se sabe não é posto em prática, de nada adianta. Essa é a chamada “obesidade intelectual”.

        O pensamento crítico nos afasta da manada, pois ele tem compromisso com a busca pela verdade, e nem sempre a maioria está disposta a ouví-la. É comum que as pessoas se iludam com a mentira, pois acreditar nela é mais confortável e não requer tanto esforço como aceitar a verdade, por isso, quem está disposto a pensar com criticidade tem que estar ciente de que muitas vezes vai se deparar com pessoas que gostam de viver a mentira. Nesse contexto, há uma enorme probabilidade de que aqueles que pensam de modo crítico vivam isolados da multidão. A conhecida frase “a ignorância é uma benção” nunca fez tanto sentido, afinal, enxergar a verdade é, às vezes, uma tarefa dolorosa e cruel de se fazer. 

        Escolher qual caminho a seguir é muito importante, todavia, necessário se faz ter o entendimento de que nós, enquanto seres pensantes, devemos exercer esse incrível dom que nos foi concedido, pois apesar de todo o esforço que existe por trás dessa prática, esse é o caminho mais coerente com a nossa natureza. Para não se tornar refém do acaso, é necessário que o pensamento crítico seja constantemente utilizado como ferramenta de análise e bom senso, afinal, ter o controle da própria vida é algo urgente e necessário para se ter uma existência coerente com o seu propósito.

Texto autoral de Maycon de Souza