Pilares das necessidades humanas

-

        É inegável o quanto somos seres de expectativas. Elas podem ser divididas entre aquilo que queremos e aquilo que precisamos. A questão fundamental é que, na maioria das vezes, há uma confusão conceitual de muitas pessoas em relação à diferença entre essas duas abordagens. Aquilo que você quer não necessariamente reflete uma necessidade, mas sim uma espécie de luxo ou anseio ilusório movido pelo desejo de exibir alguma forma de status ou coisas do gênero. Em contrapartida, aquilo de que precisamos tem a ver com a questão das necessidades de subsistência, ou seja, são vontades básicas que precisam ser atingidas para que se obtenha o mínimo de dignidade.

        Nesse cenário, a pirâmide de Maslow se apresenta de maneira eficaz e traça um limiar que denota as nuances entre o "querer" e o "precisar".  Ela foi criada com o objetivo de mapear, de modo simples e direto, as necessidades universais que um ser humano precisa atingir para levar uma vida com dignidade e satisfação pessoal.

        As 3 etapas da base da pirâmide trazem consigo uma sustentação básica daquilo que o ser humano precisa, que são os aspectos relacionados à fisiologia, segurança e amor/relacionamento. Esses 3 pontos protegem a constituição física do indivíduo, ou seja, seu corpo. Alguns até poderiam dizer que os itens de segurança e amor/relacionamento não deveriam ser enquadrados nessa etapa corpórea, porém, discordo dessa abordagem, uma vez que o não atendimento a esses preceitos ocasionam doenças psicossomáticas que podem degradar de forma voraz a constituição física do indivíduo.

        Nas duas etapas seguintes, representadas pela estima e realização pessoal, denomino esses elementos como desejos que envolvem o "querer" do indivíduo, uma vez que o preenchimento dessas lacunas não é urgente. Vale ressaltar que, apesar da não urgência, elas são importantes para a garantia de uma melhor qualidade de vida do sujeito, proporcionando bem-estar e uma maior apreciação da vida tal como ela é. A ausência total do atendimento a essas necessidades pode desencadear sofrimento psicológico, bem como um desencanto em relação à vida.

        Em resumo, a hierarquia das necessidades se apresenta como um importante norteador para que se possa ter uma visão macro daquilo que de fato importa. Ela também é fundamental para que o indivíduo possa refletir e planejar sua vida com base no entendimento de si mesmo, podendo assim, entender a diferença básica entre aquilo que precisa daquilo que quer.

Texto autoral de Maycon de Souza

Comentários

Postar um comentário

Mais visitadas

A importância de saber aonde se quer chegar

-
Imagem
A vida passa muito rápido e as situações ao nosso redor se modificam constantemente, quer queiramos ou não. O tempo não pede licença para agir, ele simplesmente segue seu curso independente das circunstâncias. A pergunta que não se cala é: estamos fazendo o mesmo ou apenas vivemos atolados na inércia?  Somos seres detentores de vícios e virtudes; estas características são responsáveis por moldar nosso entendimento sobre qual caminho seguir, entretanto, muitos não possuem essa compreensão. A falta deste entendimento nos indivíduos faz com que a cegueira os abata e consequentemente faz com que o acaso e as circunstâncias os conduzam a seu bel prazer.  Há algum sentido em viver? Há algum caminho considerado certo ou errado? Existe destino? Temos de fato poder para mudar o curso de nossas vidas? Estas são questões que frequentemente visitam àqueles que se dispõem a criar um objetivo de vida. Não seria por menos, afinal, não são as respostas que movem o mundo, mas ...
Leia mais

Mobilismo x Imobilismo: Quem tem razão, Heráclito ou Parmênides?

-
Imagem
     Não restam dúvidas de que os filósofos pré-socráticos foram essenciais para que o pensamento crítico se tornasse um instrumento de resolução de problemas e construção das mais variadas formas de ciências. Heráclito e Parmênides, duas figuras aparentemente antagônicas, desbravaram o território do debate por intermédio de duas correntes de pensamento que, mais tarde, vieram a ser chamadas de mobilismo e imobilismo.       Como a própria nomenclatura sugere, o mobilismo de Heráclito defendia que a essência das coisas é a mudança, que tudo está o tempo todo passando por constantes transformações, ao passo que o imobilismo de Parmênides defendia que o estático era a única explicação plausível para as coisas, e que elas, por sua vez, são predestinadas a atenderem a uma demanda linear do universo. Platão concordava em partes com o discurso de seus antecessores, porém, compreendia que havia algumas lacunas em ambos que deveriam ser analisadas. No discurso ...
Leia mais

Uma Abordagem Transcendental do Conhecimento

-
Imagem
            Ao longo da história, a curiosidade sempre foi uma obsessão do ser humano. Aquilo que ele via, mas não sabia o que significava, era motivo de grande desprendimento de energia, cujo objetivo era obter explicações plausíveis em relação àquilo que, a priori, lhe causava estranheza. Com o advento da filosofia e sua solidificação enquanto parte fundamental do processo de obtenção de conhecimento, várias teorias surgiram como meios para se atingir a determinados fins, sejam eles científicos ou não.           Dentre as várias teorias do conhecimento, destacam-se o racionalismo e o empirismo, ambos frutos da era moderna. Estes, apesar de antagônicos, trazem consigo conceitos e metodologias convincentes, o que, em sua época, ocasionou uma espécie de embate entre os pensadores defensores de cada uma dessas vertentes. Os opositores apontavam erros crassos tanto no racionalismo quanto no empirismo, o que tornou o debate ca...
Leia mais