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Mostrando postagens de 2025

A farsa da autenticidade: o Marketing de ser você mesmo

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O mundo virou um grande balcão de autoajuda disfarçada de liberdade. Frases prontas, conselhos genéricos e gurus de internet repetindo o mantra mais batido da era da superficialidade: “Seja você mesmo.” Fácil falar, difícil explicar o que isso realmente significa. Mais difícil ainda é admitir que talvez você nem saiba quem é.  A verdade que ninguém gosta de ouvir é que a sua tão sonhada autenticidade é uma ficção construída a partir de reforços sociais, medos reprimidos e uma coleção de comportamentos aprendidos pra agradar, sobreviver e, na melhor das hipóteses, ser tolerado pelos outros. Não existe uma versão “pura” de você esperando pra ser descoberta num retiro espiritual de final de semana. Jean-Paul Sartre já tinha dado o recado: “O homem está condenado a ser livre.” Mas a galera do coaching preferiu ignorar a condenação e só vender a parte da liberdade. Porque é mais lucrativo fazer você acreditar que tudo se resume a um reencontro mágico com seu “eu interior”. Enquanto is...

Entre o porto e o abismo

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       Vivemos tempos em que a estabilidade foi transformada em ideal. Tudo gira em torno da busca por segurança: emocional, financeira, social. Mas como diria Heráclito, o movimento é a essência do ser. Aquilo que não se transforma, apodrece. E, no entanto, o ser humano moderno se agarra ao cais como se ali estivesse a promessa de salvação, ignorando que o porto é só o ponto de partida — não o destino.           O navio ancorado é metáfora da existência domesticada. Limpo, inteiro, imaculado — e inútil. Seu valor não está na aparência preservada, mas naquilo que é capaz de atravessar. O mesmo ocorre com o sujeito que evita o desconforto, as rupturas, o imprevisível. Como disse Nietzsche, “quem não quer afundar no mar da existência, também jamais beberá de suas profundezas”.         A sociedade contemporânea transformou o conforto em virtude. Conforto emocional, conforto moral, conforto intelectual. Mas toda virt...

Solitude: a rebeldia de quem não precisa de aplausos

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      Vivemos cercados. De gente, de vozes, de notificações. Mas nunca estivemos tão sós. A solidão, nesse cenário, não é um drama romântico, é uma epidemia silenciosa. E o mais curioso: não nasce da ausência, mas do excesso. Excesso de estímulo, de desejo, de superficialidade.      Você pode estar em meio a um banquete de afeto e ainda assim sentir fome. Pode colecionar seguidores, títulos, bens materiais, e ainda assim acordar com aquele vazio que não tem nome — mas que pesa como um corpo a mais deitado ao seu lado. Solidão, nesse caso, é a consequência do desejo mimado. A criança dentro de você queria tudo. Ganhou. Agora está entediada.      O problema não é estar só. O problema é estar consigo e não suportar a própria companhia. E isso diz mais sobre você do que sobre o mundo. A solidão que tanto se teme, muitas vezes, é o reflexo do vazio que se construiu com tanto afinco. Um palácio cheio de coisas e conversas vazias. Aliás, Schopenhaue...

A ansiedade não tem preferência por pessoas

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         A ansiedade não faz distinções. Não importa idade, conquistas ou o número de batalhas vencidas, ela pode surgir quando menos se espera. Até mesmo gigantes do rock, acostumados a encarar multidões, não estão imunes. Foi o que aconteceu com James Hetfield, vocalista do Metallica, que em um momento de vulnerabilidade precisou enfrentar um episódio de ansiedade.           Diante disso, algo fez toda a diferença: o apoio de seus companheiros de banda. Em vez de julgá-lo ou minimizar seu sofrimento, eles o acolheram, mostraram que ele não estava sozinho e deram o suporte necessário para que ele pudesse se recuperar. Esse tipo de amparo pode ser decisivo, pois lutar contra a ansiedade sem apoio é como enfrentar um inimigo invisível sem armas.           Apoio não significa apenas palavras de conforto. Muitas vezes, é alguém que escuta sem julgar, que entende sem precisar de explicações, que oferece pre...

Mobilismo x Imobilismo: Quem tem razão, Heráclito ou Parmênides?

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     Não restam dúvidas de que os filósofos pré-socráticos foram essenciais para que o pensamento crítico se tornasse um instrumento de resolução de problemas e construção das mais variadas formas de ciências. Heráclito e Parmênides, duas figuras aparentemente antagônicas, desbravaram o território do debate por intermédio de duas correntes de pensamento que, mais tarde, vieram a ser chamadas de mobilismo e imobilismo.       Como a própria nomenclatura sugere, o mobilismo de Heráclito defendia que a essência das coisas é a mudança, que tudo está o tempo todo passando por constantes transformações, ao passo que o imobilismo de Parmênides defendia que o estático era a única explicação plausível para as coisas, e que elas, por sua vez, são predestinadas a atenderem a uma demanda linear do universo. Platão concordava em partes com o discurso de seus antecessores, porém, compreendia que havia algumas lacunas em ambos que deveriam ser analisadas. No discurso ...

Pilares de uma sociedade justa

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  A educação é o pilar essencial para construir uma sociedade mais justa, fraterna e com cidadãos que tenham senso crítico para tomar melhores decisões em suas vidas. É sabido que a ideia de educação é algo que se modifica com o passar do tempo. Anos atrás, em especial nos meados da década de 70, ela era rígida e composta por mecanismos de aferição um tanto quanto questionáveis, pois prezavam por um certo engessamento que privava as pessoas de utilizarem a criatividade e pensarem por conta própria. Hoje, houve uma melhora considerável nesse aspecto, embora ainda haja muito a ser aperfeiçoado. Nesse contexto, o papel do professor é fundamental para ser uma espécie de ponte capaz de conduzir o aluno no caminho do conhecimento. Assim, como qualquer ponte, é preciso que ela seja construída de maneira adequada, para que dessa forma aquele que for atravessá-la possa chegar em segurança do outro lado. Por isso, a metodologia a ser empregada pelo educador deve ser pautada por aspectos só...