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A farsa da autenticidade: o Marketing de ser você mesmo

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O mundo virou um grande balcão de autoajuda disfarçada de liberdade. Frases prontas, conselhos genéricos e gurus de internet repetindo o mantra mais batido da era da superficialidade: “Seja você mesmo.” Fácil falar, difícil explicar o que isso realmente significa. Mais difícil ainda é admitir que talvez você nem saiba quem é.  A verdade que ninguém gosta de ouvir é que a sua tão sonhada autenticidade é uma ficção construída a partir de reforços sociais, medos reprimidos e uma coleção de comportamentos aprendidos pra agradar, sobreviver e, na melhor das hipóteses, ser tolerado pelos outros. Não existe uma versão “pura” de você esperando pra ser descoberta num retiro espiritual de final de semana. Jean-Paul Sartre já tinha dado o recado: “O homem está condenado a ser livre.” Mas a galera do coaching preferiu ignorar a condenação e só vender a parte da liberdade. Porque é mais lucrativo fazer você acreditar que tudo se resume a um reencontro mágico com seu “eu interior”. Enquanto is...

Entre o porto e o abismo

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       Vivemos tempos em que a estabilidade foi transformada em ideal. Tudo gira em torno da busca por segurança: emocional, financeira, social. Mas como diria Heráclito, o movimento é a essência do ser. Aquilo que não se transforma, apodrece. E, no entanto, o ser humano moderno se agarra ao cais como se ali estivesse a promessa de salvação, ignorando que o porto é só o ponto de partida — não o destino.           O navio ancorado é metáfora da existência domesticada. Limpo, inteiro, imaculado — e inútil. Seu valor não está na aparência preservada, mas naquilo que é capaz de atravessar. O mesmo ocorre com o sujeito que evita o desconforto, as rupturas, o imprevisível. Como disse Nietzsche, “quem não quer afundar no mar da existência, também jamais beberá de suas profundezas”.         A sociedade contemporânea transformou o conforto em virtude. Conforto emocional, conforto moral, conforto intelectual. Mas toda virt...

Solitude: a rebeldia de quem não precisa de aplausos

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      Vivemos cercados. De gente, de vozes, de notificações. Mas nunca estivemos tão sós. A solidão, nesse cenário, não é um drama romântico, é uma epidemia silenciosa. E o mais curioso: não nasce da ausência, mas do excesso. Excesso de estímulo, de desejo, de superficialidade.      Você pode estar em meio a um banquete de afeto e ainda assim sentir fome. Pode colecionar seguidores, títulos, bens materiais, e ainda assim acordar com aquele vazio que não tem nome — mas que pesa como um corpo a mais deitado ao seu lado. Solidão, nesse caso, é a consequência do desejo mimado. A criança dentro de você queria tudo. Ganhou. Agora está entediada.      O problema não é estar só. O problema é estar consigo e não suportar a própria companhia. E isso diz mais sobre você do que sobre o mundo. A solidão que tanto se teme, muitas vezes, é o reflexo do vazio que se construiu com tanto afinco. Um palácio cheio de coisas e conversas vazias. Aliás, Schopenhaue...

A ansiedade não tem preferência por pessoas

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         A ansiedade não faz distinções. Não importa idade, conquistas ou o número de batalhas vencidas, ela pode surgir quando menos se espera. Até mesmo gigantes do rock, acostumados a encarar multidões, não estão imunes. Foi o que aconteceu com James Hetfield, vocalista do Metallica, que em um momento de vulnerabilidade precisou enfrentar um episódio de ansiedade.           Diante disso, algo fez toda a diferença: o apoio de seus companheiros de banda. Em vez de julgá-lo ou minimizar seu sofrimento, eles o acolheram, mostraram que ele não estava sozinho e deram o suporte necessário para que ele pudesse se recuperar. Esse tipo de amparo pode ser decisivo, pois lutar contra a ansiedade sem apoio é como enfrentar um inimigo invisível sem armas.           Apoio não significa apenas palavras de conforto. Muitas vezes, é alguém que escuta sem julgar, que entende sem precisar de explicações, que oferece pre...

Mobilismo x Imobilismo: Quem tem razão, Heráclito ou Parmênides?

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     Não restam dúvidas de que os filósofos pré-socráticos foram essenciais para que o pensamento crítico se tornasse um instrumento de resolução de problemas e construção das mais variadas formas de ciências. Heráclito e Parmênides, duas figuras aparentemente antagônicas, desbravaram o território do debate por intermédio de duas correntes de pensamento que, mais tarde, vieram a ser chamadas de mobilismo e imobilismo.       Como a própria nomenclatura sugere, o mobilismo de Heráclito defendia que a essência das coisas é a mudança, que tudo está o tempo todo passando por constantes transformações, ao passo que o imobilismo de Parmênides defendia que o estático era a única explicação plausível para as coisas, e que elas, por sua vez, são predestinadas a atenderem a uma demanda linear do universo. Platão concordava em partes com o discurso de seus antecessores, porém, compreendia que havia algumas lacunas em ambos que deveriam ser analisadas. No discurso ...

Pilares de uma sociedade justa

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  A educação é o pilar essencial para construir uma sociedade mais justa, fraterna e com cidadãos que tenham senso crítico para tomar melhores decisões em suas vidas. É sabido que a ideia de educação é algo que se modifica com o passar do tempo. Anos atrás, em especial nos meados da década de 70, ela era rígida e composta por mecanismos de aferição um tanto quanto questionáveis, pois prezavam por um certo engessamento que privava as pessoas de utilizarem a criatividade e pensarem por conta própria. Hoje, houve uma melhora considerável nesse aspecto, embora ainda haja muito a ser aperfeiçoado. Nesse contexto, o papel do professor é fundamental para ser uma espécie de ponte capaz de conduzir o aluno no caminho do conhecimento. Assim, como qualquer ponte, é preciso que ela seja construída de maneira adequada, para que dessa forma aquele que for atravessá-la possa chegar em segurança do outro lado. Por isso, a metodologia a ser empregada pelo educador deve ser pautada por aspectos só...

Sobre o conhecimento científico

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            A cooperação mútua foi, desde os primórdios, o elemento principal para que a espécie humana pudesse evoluir e superar obstáculos que cerceavam sua existência. Se não fosse pela troca de conhecimento e da construção de legado, talvez estaríamos ainda vivendo em condições precárias e defasadas no que tange o bem-estar, além é claro da ausência de conhecimento sobre as mais diversas áreas.           Com o passar do tempo, essa cooperação foi cada vez mais adquirindo uma roupagem sofisticada, tanto na parte tecnológica como no quesito humanista, como é possível de ser observado através das mais variadas formas de ciência. Nesse cenário, as pesquisas científicas surgem como uma importante aliada na construção dos saberes, criando uma dinâmica cada vez mais democrática e capaz de beneficiar milhões de pessoas mundo afora.           As pesquisas científicas podem ter variados temas, c...

Uma Abordagem Transcendental do Conhecimento

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            Ao longo da história, a curiosidade sempre foi uma obsessão do ser humano. Aquilo que ele via, mas não sabia o que significava, era motivo de grande desprendimento de energia, cujo objetivo era obter explicações plausíveis em relação àquilo que, a priori, lhe causava estranheza. Com o advento da filosofia e sua solidificação enquanto parte fundamental do processo de obtenção de conhecimento, várias teorias surgiram como meios para se atingir a determinados fins, sejam eles científicos ou não.           Dentre as várias teorias do conhecimento, destacam-se o racionalismo e o empirismo, ambos frutos da era moderna. Estes, apesar de antagônicos, trazem consigo conceitos e metodologias convincentes, o que, em sua época, ocasionou uma espécie de embate entre os pensadores defensores de cada uma dessas vertentes. Os opositores apontavam erros crassos tanto no racionalismo quanto no empirismo, o que tornou o debate ca...

Vinculação partidária e ensino da filosofia - Uma crítica

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          Não restam dúvidas que, dentro do espectro pedagógico, a filosofia ocupa um espaço de grande importância no que tange o desenvolvimento e a criticidade dos alunos. Embora haja uma desvalorização ou minimização de sua importância, é de grande valia que esforços sejam realizados para que haja sua devida valorização, uma vez que ela traz consigo um arcabouço de ferramentas capazes de despertar no aluno um entendimento capaz de fazer com que ele consiga acender a chama do conhecimento, e, consequentemente, fazer oposição à ignorância que cada vez mais atinge o senso comum. Muitos educadores abraçam a filosofia como uma espécie de “manual de sobrevivência”, pois é através dela que o ato de questionar, bem como o livre filosofar, constroem a solidez do conhecimento. Porém, isso só é possível quando a escola, enquanto núcleo educacional, promove o livre debate de ideias. Um dos principais educadores que atuaram de maneira consistente nesse aspecto fo...

Estréia do livro: "A Miserável Banalidade do Descartável", do autor Maycon de Souza

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  É com imensa alegria e gratidão que compartilho com vocês o lançamento do meu livro "A Miserável Banalidade do Descartável". Este projeto representa não apenas uma conquista pessoal, mas também a realização de um sonho: o de explorar as complexidades das relações humanas e do comportamento sociológico através da filosofia. Ao longo das páginas, convido os leitores a refletirem sobre como nossas atitudes individuais moldam o tecido social e como a superficialidade das relações afeta não apenas o nosso mundo interior, mas também o mundo ao nosso redor. Abordo temas como a efemeridade das relações modernas, a banalização do afeto e a cultura do descarte que permeia nossa sociedade contemporânea. Com uma abordagem instigante e provocativa, meu objetivo é instigar novas perspectivas e questionamentos sobre o que é realmente importante em nossas vidas. Espero que este livro possa despertar em cada leitor um senso de conscientização e um desejo de valorizar as relações e as experi...